Paulo e o carcereiro: salvação na prisão

No capítulo 16 do livro de Atos dos Apóstolos, está descrita a narrativa da prisão de dois servos do Senhor: Paulo e Silas. Estes homens haviam partido em suas viagens missionárias até a Macedônia e chegaram à cidade de Filipos. Essa importante colônia romana foi cenário de um dos milagres mais extraordinários relatados por Lucas no livro de Atos: a libertação dos servos de Cristo por meio de um terremoto e a salvação do carcereiro com toda a sua família (Atos 16.11-34). Deus intervém mais uma vez, usando fenômenos portentosos e livrando seus servos das maldades dos homens.

É interessante lembrarmos que as respostas de Deus por meio de fenômenos sobrenaturais aconteceram em várias oportunidades na história da Igreja Primitiva: no Dia de Pentecostes (Atos 2.1-4), na oração dos discípulos após a prisão e libertação de Pedro e João (Atos 4.24-31), na conversão de Saulo (Atos 9.3-6) e no relato agora apresentado. Tudo isso ratifica as palavras de Jesus de que os sinais seguiriam a os que creem (Marcos 16.17) e que Sua presença estaria conosco todos os dias (Mateus 28.20b).

O dinamismo dos primeiros cristãos fazia com que estes experimentassem continuamente as provisões dos céus. O cuidado de Cristo era permanente. A igreja que abraça com seriedade a responsabilidade da evangelização sempre será assistida pelo Deus das missões. Após Paulo e Silas se dedicarem alguns dias à oração e à pregação da Palavra para um grupo de mulheres à beira de um rio (Atos 16.13-15), o Inimigo, observando o avanço da obra divina naquela região, procurou algum meio de parar a obra do Senhor. Uma jovem possuída por um espírito de adivinhação começou a gritar pelas ruas da cidade no intuito de desviar a atenção dos mensageiros do Senhor. Paulo, com discernimento espiritual, repreendeu o espírito de adivinhação e a moça foi liberta instantaneamente, cessando, assim, a fonte de lucro dos senhores daquela ovem (Atos 16.16-19). Logo, Paulo e Silas foram apanhados e levados aos magistrados. Após sofrerem açoites com varas, foram sentenciados ao cárcere interior, que era reservado aos criminosos mais violentos. Os servos do Senhor foram sujeitados ao tronco, onde as pernas do prisioneiro eram separadas uma da outra com a pessoa deitada de costas ao chão, assim o sentenciado era torturado com câimbras terríveis.

Foi nesse momento de dor que Deus recebeu de Seus servos fiéis o mais puro louvor. Em ato de oração e adoração, Paulo e Silas preparam o ambiente para o milagre de Deus ser manifestado naquele lugar. As horas se passaram, os outros presos estavam atentos aos alaridos daqueles homens, que de forma diferente venciam a dor por meio de oração e canto.

Como o texto grego sugere, não estavam desanimados, pois sabiam que eram representantes legais da obra de Cristo. Como disse Hudson Taylor, “para a obra de Deus, feita da maneira de Deus, nunca faltará o suprimento de Deus”. Deus estava provendo a força necessária aos Seus servos e uma grande colheita de almas, principalmente no meio de seus algozes. De repente, o cárcere é abalado por um tão grande terremoto. Não era um terremoto comum. A mão de Deus estava atuando em favor de Seus filhos (Atos 16.25,26).

O carcereiro, ao perceber que todas as prisões foram abertas e todos os prisioneiros foram soltos, decide aplicar em si mesmo a sentença que segundo o costume romano lhe era reservada, pois o soldado romano que permitia a fuga de um prisioneiro pagava por sua negligência com a própria vida (Atos 12.19; 27.42). O arauto de Cristo, ao perceber a ação do carcereiro, brada em alta voz. A mesma voz que adora ao Deus da salvação proclama a salvação de Deus! Em meio aos escombros, abismado pelo acontecido, se encontra o carcereiro, que revela a sua real condição. Trêmulo, se prostra ante Paulo e Silas, clamando por salvação. A fé em Cristo é apresentada como único meio de salvação e a mensagem é estendida para toda sua família: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa” (Atos 16.31). Deus operou salvação em um cenário de morte.

Cadeias físicas e espirituais foram reduzidas aos pedaços pela manifestação da graça bendita de Jesus. Um lugar de condenação se transformou em palco do espetáculo da maravilhosa e bendita graça, que liberta e salva o perdido. O medo foi dissipado pelo amor divino, o carcereiro sentiu-se amado por Cristo e exerceu a hospitalidade aos santos (Atos 16.33,34). Aquele homem se tornou um militante da fé, um soldado das fileiras de Cristo.

Deus pode e quer operar salvação nos lugares mais inóspitos. A graça de Deus transforma os mais terríveis ambientes. Onde houver um arauto de Cristo, ali estará a manifestação da graça de Jesus! Não se limite às dores, não se sufoque com as poeiras do caos. Estamos vivendo tempos trabalhosos, dias difíceis, mas precisamos proclamar a salvação em Jesus. Deus quer usar você!

por Antônio Adson Rodrigues Pereira

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