A prosperidade na perspectiva do rei Salomão

O presente artigo tem como objetivo analisar a temática da prosperidade a partir de três textos da tradição salomônica, isto é, associados à sabedoria espiritual de Salomão, o grande rei de Israel.

Prosperidade: consequência de sábias escolhas

O segredo da prosperidade está na confiança integral em Deus, o que é o oposto da ambição. O começo do reinado de Salomão começa com um episódio que expõe de modo inequívoco o caminho a trilhar para sermos ricamente abençoados pelo Altíssimo. O novo rei estava num dos momentos mais tensos de qualquer liderança: o início. Havia uma série de incertezas materiais, desconfianças pessoais, instabilidades políticas. Contudo, Salomão tem uma visão, revelação, sonho, que vem da parte do Eterno. Devemos aprender com isso que a voz do bondoso Deus não silencia jamais. Na maioria das vezes, o que ocorre é o ensurdecimento do nosso coração em razão das distrações do mundo. O outro acontecimento marcante desse episódio bíblico é a resposta de Salomão à oferta divina. Uma pessoa movida por inclinações mesquinhas escolheria a opulência dos tesouros materiais. Alguém ávido por glória humana e reconhecimento terreno optaria por um exército numeroso para esmagar inimigos e silenciar rivais. Já o filho de Davi prefere aquilo que pode garantir-lhe um verdadeiro relacionamento com o Deus Todo-poderoso: um coração de servo. Salomão não ousou aproveitar-se da tarefa de ser monarca do povo para transformar-se num tirano; ao contrário, rogou ao Santo Deus condições para servir à sua geração da melhor forma possível. O resultado não poderia ter sido outro: a prosperidade. A bênção no governo de Salomão foi de amplo espectro: paz política, enriquecimento material e felicidade espiritual. Isto, sim, pode ser definido como prosperidade.

O grande erro das pessoas é compartimentalizar a vida, cair na ilusão de que é possível ser bem-sucedido no bolso, mas fracassado na alma. Todas as vezes que a prosperidade do céu chega na história de alguém, transforma o conjunto das áreas da vida dessa pessoa. O Senhor deseja que vivamos a plenitude da Sua bênção em tudo na vida.

Lança teu pão sobre as águas

O oposto de prosperidade não é falência, mas egoísmo. A compreensão dessa diferença é fundamental, pois para muitas pessoas a prosperidade se restringe a elementos materiais da vida. A pobreza financeira seria o símbolo do fracasso de alguém. Contudo, a mentalidade bíblica é completamente outra, é bem mais ampla. Em categorias bíblicas, próspero é o homem que vive debaixo da bênção divina; é alguém liberto da idolatria das riquezas, das ambições das aparências, da vanglória dos sucessos.

Um claro exemplo disto é o texto de Eclesiastes 11.1, onde há o maravilhoso princípio da generosidade. Afirma Salomão que ser alguém bom, desprendido do amor às riquezas, nunca trará prejuízo a ninguém, pelo contrário, será um tipo de semeadura espiritual abençoadora. A generosidade não traz mal a ninguém. Quem reparte as bênçãos divinas nunca ficará maldito. O justo enfrenta aflições, porém, jamais é abandonado pelo Criador. A mulher de Deus pode até ser injustiçada pela sociedade, contudo sempre será consolada pelo poder do Espírito Santo. Esse é o real sentido de prosperidade: entender que o mundo não é regido pelo acaso ou pela impunidade. O fim de tudo sempre está sob o controle do Altíssimo.

O próspero abençoa a vida alheia por consciência da graça divina, sem nenhuma ambição; e a riqueza do amor de Deus é tamanha que garante um futuro de paz para seus filhos e filhas. O pão que se encontra muito tempo depois de lançado às águas não é uma estratégia de enriquecimento, mas, sim, uma colheita espiritual garantida pelo Eterno.

Não há prosperidade sem  trabalho duro e honesto

A Bíblia Sagrada é um livro no qual estão recolhidas várias tradições e orientações. O livro de Provérbios, mais especificamente, reúne um conjunto de princípios e palavras de sabedoria do povo hebreu, por isso é tudo muito prático e direto neste texto. O maior desafio que nós, leitores contemporâneos, encontramos ao ler um tipo de texto assim é conseguir fazer a devida transposição cultural, ou seja, a forma mais eficiente e edificante de Provérbios é extrair os princípios e formulações gerais que estão expressas nas diversas porções colecionadas – os quais valem para qualquer pessoa em qualquer sociedade – e desta forma aplicá-los em nossas vidas.

A questão da vida feliz é um tema recorrente na literatura sapiencial, e como se compreende da leitura de Provérbios 10.4, para os padrões bíblicos, o trabalho não é um problema: a maldição é a preguiça. Dito de outra forma, precisamos compreender que fomos criados com um propósito: a adoração. E isso tem tudo a ver com trabalho. Antes de haver templo já havia adoração, pois esta se expressava por meio do alegre trabalho que o homem realizava no Jardim. A partir do momento em que tentamos negar esta nossa natureza ativa, criativa, construtiva, e procuramos nos esconder atrás de desculpas e mentiras para entregarmo-nos à desocupação, passamos a enfrentar grandes sofrimentos.

Deus  deseja  derramar  suas  bênçãos – materiais e espirituais – sobre nossas vidas, e para que isso acontece é necessário que estejamos comprometidos com o cumprimento de nossas responsabilidades e tarefas. Quem procura atalhos acaba encontrando inúmeros sofrimentos, como bem expressa o sábio no Provérbios. Não existe segredo: a única forma de vivermos a riqueza da graça divina é nos esforçando diariamente em nossas atividades e vocações. Adão exaltava o nome do Criador como jardineiro do Éden, e isso era maravilhoso para todos. No dia que ele ambicionou uma promoção meteórica – de zelador do jardim a dono do jardim –, ele se viu debaixo de maldição. Não duvide: cumprindo seu trabalho com alegria e dedicação, Deus abençoará a sua vida de modo extraordinário.

por Thiago Brazil

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